Lontras são mamíferos semiaquáticos pertencentes à família Mustelidae e à subfamília Lutrinae. Compreendem, atualmente, sete gêneros e 13 espécies, das quais duas ocorrem no Brasil: a lontra-neotropical (Lontra longicaudis Olfers, 1818) e a ariranha (Pteronura brasiliensis Gmelin, 1788), ambas endêmicas do continente americano. A lontra-neotropical (L. longicaudis) tem uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde o norte do México até o sul do Uruguai. No Brasil, a espécie ocorre em quase todos os biomas, com exceção da Caatinga; entretanto, a espécie foi registrada de forma inédita por DANTAS e DONATO (2011) e MENDONÇA e MENDONÇA (2012) em regiões de caverna e alagados do nordeste brasileiro.
A Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, no âmbito do Programa de Monitoramento e Conservação da Fauna Terrestre e Semiaquática, monitora a ocorrência da lontra neotropical (Lontra longicaudis) por meio de vistoria nas margens do reservatório e rio Iguaçu, identificando tocas e outros locais como propícios para o registro destes animais. O monitoramento busca registros através de armadilhas fotográficas instaladas de forma que, o animal ao sair da água seja fotografado ou filmado durante os dias de amostragem.
Durante a execução do monitoramento fase 4 foram instaladas 08 armadilhas fotográficas, sendo:
• 04 no Trecho 1 – Controle (rio Iguaçu e rio Floriano);
• 04 no Trecho 2 – Tratamento (foz do rio Capanema e rio Iguaçu).
As armadilhas fotográficas foram instaladas nos primeiros dias de campo e retiradas ao fim da campanha, totalizando um esforço amostral de 80 armadilhas dia.
Os resultados obtidos na 1ª campanha da fase 4 do monitoramento de lontras podem ser considerados representativos para o entendimento dos aspectos ecológicos da lontra nas Áreas de Influência da UHE Baixo Iguaçu. Foi obtido um total de 39 registros durante a campanha realizada. Destes registros, 21 foram provenientes das vistorias nas margens dos trechos e 18 foram obtidos através das armadilhas fotográficas.
Por fim, a continuidade deste monitoramento tem sido importante para analisar as mudanças decorrentes da implantação do empreendimento e, até o fim do Programa de Monitoramento será possível avaliar a necessidade de ações mitigatórias, principalmente em relação à diminuição de locais propícios para a formação de tocas nas áreas mais próximas à barragem da UHE Baixo Iguaçu.